"Quem és tu que me lês? Sou eu o teu segredo ou és tu o meu?" (Clarice Lispector)

19 dezembro, 2009

Propósitos e afins

Finalzinho de 2009 chegando, ocasião propícia às reflexões sobre as atitudes passadas e muitas promessas a serem feitas para o próximo ano. A transição anual traz sempre pensamentos nostálgicos e propósitos renovadores. É um momento em que se vive a maior das festas Cristãs, O Natal, repleto de sentimentos de ética fraterna, e a passagem de um ano ao outro. Para algumas pessoas, esse período representa um instante feliz. Para outras, nem tanto. Tudo dependerá do conceito que cada uma tem consigo sobre a festa natalina e o Reveillon e também da situação emocional em que se encontram na sua existência.
Para mim, o momento referido remete a revigoração, porque é assim que me sinto desta vez: revigorada. Tive um ano ruim, com expectativas desfeitas e muitas decepções. Mas agora que tudo passou, sinto-me com boas energias e propósitos positivos ao Natal e ao novo ano. Dentre um deles, pretendo ser uma pessoa mais sustenável e iniciarei isso com a coleta seletiva em minha casa e aderindo a bicicleta como um meio de transporte. Vai me ajudar a emagrecer e a contribuir com o meio ambiente. O que você pretende fazer em 2010?
Segue abaixo um texto interessante aos admiradores do ciclismo e da poesia.

Bom natal a todos e um ótimo 2010!
Sejam felizes!






Pedalada Poética

Bogotá completa este ano 300 quilômetros de ciclovias. Nova York já separa carros de bikes em sua 9ª Avenida. Londres restringe o acesso e a velocidade dos carros em seu centro histórico para dar lugar às magrelas. Em Paris, aumenta a cada dia as estações de bicicletas que podem ser alugadas por 1 euro. Exemplos como esse são seguidos por Barcelona, Bruxelas, Estocolmo e Viena, para não falar de Amsterdã, cidade que possui pontes e viadutos exclusivos para ciclistas. Enquanto São Paulo discute, as grandes cidades do mundo se rendem a esse meio de transporte democrático, que ocupa pouco espalo, não polui e ainda pode render poesia urbana. É isso mesmo: em Lisboa, a ciclovia recém-inaugurada aos pés do rio Tejo é grafada, com letras garrafais, com trechos do poema O Guardador de Rebanhos, de Fernando Pessoa. Enquanto se pedala, é possível ir lendo a poesia que se arrasta por centenas de metros. "Pelo Tejo vai-se pelo mundo"... A mente viaja e nem sente o tempo passar.
(In Vida Simples, Dez 2009)

15 dezembro, 2009

Tempos modernos





Hoje estive pensando sobre a modernidade. No dicionário Aurélio, a palavra MODERNO é definida como:
"dos tempos atuais ou mais próximos de nós, recente; Que está na moda". Daí, pensar nos tempos modernos, é refletir acerca de tudo aquilo que pertence ao momento em que vivemos. Seria, resumidamente, observar os valores éticos que permeiam a sociedade vigente, os modismos de linguagem, vestimenta, alimentação, conversas, valores culturais, conceitos intensos de consumismo, relações intra e interpessoais. De todos esses aspectos citados, as relações entre as pessoas é o que tem chamado minha atenção de modo particular. A peculiariadade dos valores sobre relacionamento que cada cultura traz consigo e a forma como cada homem ou mulher os interpretam e o vivem me instingam. Penso que a vivência social, seja ela familiar, profissional, de amizade ou conjugal traz sempre em si divergências de conceitos que nem sempre são bem vistas. Acho estranho a forma como a sociedade moderna, em maioria, tem assimilado às relações comportamentos descartáveis assim como o consumo estridente que a rege. Infelizmente, analiso que o ter sobrepondo-se ao ser, que tanto se discuti na sociedade moderna, esta permeado por um novo aspecto: o aparecer. Não basta Possuir. É necessário mostrar que se possiu. Daí, voltando aos relacionamentos, os conjugais particularmente, as pessoas precisam exibir que "possuem" alguém. E como a exibição deve acontecer com o melhor produto aos olhos, supõe-se uma modernidade ilusória na maior parte das relações e descartável conforme a inconveniência do produto.

13 dezembro, 2009

Educação ambiental na net


O site de busca eco4planet.com planta árvores de acordo com o número de acessos: a cada 50 mil visitas, uma muda vai para o solo. O endereço funciona com o sistema Google e mantém, na página principal, um contador atualizado de árvores. Para saber local e data do projeto (twitter.com/eco4planet). O portal de buscas também tem um visual com fundo predominantemente preto, que permite uma economia de até 20% de energia do monitor - que tem de gastar menos para exibi-la se comparado às telas brancas.
(In: Vida simples, nov 2009)

12 dezembro, 2009

Som pernambucano surreal!

Conheci o som dessa cantara e achei muito irreverente e legal. A musicalidade simples do instrumental pop rock com o sotaquezinho pernambucano ficaram muito bom. Vale conferir!

Lulina
O Pop surreal




A cantora Lulina, com seu saboroso sotaque pernambucano e letras divertidas e surreais, é daquelas que arrancam sorrisos a cada canção. Agora ela lançou seu mais novo álbum chamado Cristalina, que é na verdade uma coletânea, com 18 músicas tiradas de seus vários discos caseiros, e depois polidas e/ou refeitas. É um tour pela Lulilândia, país de encantos bizarros, em que a bebida oficial é sangue de ET, há príncipes capazes de multiorgasmos, cupidos traficantes de doces e onde criar minhocas é ótimo negócio. A voz é pequena e cativante como a de Nara Leão, mas o tom é de molecagem mutante, meio Rita Lee, meio Jonathan Richman (líder da cutuada Modern Lovers, que faz ponta em Quem Vai Ficar com Mary?), e a parte instrumental é simples, rock/pop de poucas notas, mas sempre eficientes. A dica é jogar fora a bússula e deixar-se perder nessa geografia imaginária.
(In: Vida Simples, nov 2009).





09 dezembro, 2009

Dia do Fonoaudiólogo

“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. É preciso encontrar as coisas certas da vida, para que ela tenha o sentido que se deseja. Assim, a escolha de uma profissão também é a arte de um encontro. Porque uma vida só adquire vida quando a gente empresta nossa vida para o resto da vida”.

Vinícius de Moraes









Conheci a fonoaudiologia no início de 2001, quando entrei para a facul. Nessa época, confesso que tudo ainda era muito subjetivo para mim. Escolher uma profissão com a imaturidade que a adolescência traz é difícil. Mas acredito que fiz uma boa opção. Através dessa atividade, conheci o lado verdadeiramente humano das relações pessoais. Entendi que a dor sempre nos traz um aprendizado importante. Fiz amizades e ampliei meu contato social direta ou indiretamente através do meu papel de fonoaudióloga. Entendi que todo mundo, por mais quieto que seja, tem alguma coisa a nos ensinar.

A fonoaudiologia, além da disciplina que compreendi necessária ao aprendizado de qualquer coisa; além das amizades importantes que fiz; além dos contatos profissionais que me ajudaram tanto a amadurecer; além da independência financeira; além de tanta coisa, essa profissão me trouxe a vivência de um amor importante.

Através da Fonoaudiologia, cresci como profissional, amiga e mulher.

Por tudo isso, hoje comemoro com muito orgulho o dia do FONOAUDIÓLOGO.

06 dezembro, 2009

O amor é mesmo estranho



O amor é mesmo estranho

Composição: Fabá Jimenez / Liminha / Ana Cañas
Na voz: Ana Cañas


O que é que você vai fazer?
Se ele passar agora e não te ver
Será que você vai enlouquecer?
Se ela chegar com outro e não você

O que é que você vai pensar?
Se ele trouxer outra pro seu lugar

Como é que você vai ficar?
Se ela for embora e nunca mais voltar

Ah! o amor é mesmo estranho
Ah! eu amo, eu amo, eu amo

Ah! o amor é mesmo estranho
Ah! eu amo, eu amo, eu amo


05 dezembro, 2009

Adiamento

Adiamento


Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-mne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado;
mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.

Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...Sim, o porvir...
Álvaro de Campos

03 dezembro, 2009

Duetos contínuos


Na segunda-feira passada tive um problema mecânico e fiquei o "primeiro" dia da semana sem carro. Pelos muitos trajetos necessários àquele dia, andei a pé, peguei ônibus e pedi carona. Conforme o bom modismo ambientalista, realizei atitudes ecologicamente corretas. Segundo uma auto-análise, penso que pude parar um momento e refletir sobre a quebra de hábitos cômodos. Nesta reflexão, observei os prós e contras de "um dia sem carro".
Enquanto caminhava, percebi que cheguei mais rápido ao meu destino, sem contar que o referido exercício contribuiu à tentativa incessante de controle de peso. No ônibus, fiquei olhando as inúmeras pessoas que têm todos os seus dias sem carro. Muita gente ajuda diariamente na redução dos gases poluentes. Quanto a carona, acho que poderia revesar com amigos para praticá-la mais vezes. Seria bom!
Quando aquele dia encerrou-se, embora houvesse cansaço físico e uma alta conta na oficina, senti-me em paz. Como no poema de Cora Coralina, "Assim eu vejo a vida", dormi com a certeza de que a existência humana é repleta de situações duaslistas que trazem consigo um lado positivo e um negativo. Resta a nós, os protagonistas diários de tantas histórias, escolhermos qual lado viver.
Lilian Tavares



Assim eu vejo a vida

Cora Coralina


A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.