"Quem és tu que me lês? Sou eu o teu segredo ou és tu o meu?" (Clarice Lispector)

08 novembro, 2010

Pelo novo que me perfaz






"Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão".

Fernando Pessoa

26 outubro, 2010

Encantador

http://www.youtube.com/watch?v=CfSZARFUvnM

Para dançar em Paris com um amor. Lindo!

17 outubro, 2010

Um bom poema para uma boa semana...


"Eu sou aquela mulher
a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida
e não desistir da luta,
recomeçar na derrota
renunciar a palavras
e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos
e ser otimista.
Creio na força imanente
que vai gerando a família humana,
numa corrente luminosa
de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana,
na superação dos erros
e angústias do presente.
Aprendi que mais vale lutar
do que recolher tudo fácil.
Antes acreditar do que duvidar.'

Cora Coralina

13 outubro, 2010

O amor e sua continuidade...




Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade

07 outubro, 2010

E há razão?



 O amor é racional?








Há uma descrição do cérebro humano que é bem simples e muito didática. Segundo ela, nós não teríamos um cérebro só, mas três – ainda que também pudéssemos dizer que são três partes do mesmo órgão. Essas partes têm funções diferentes, mas muito complementares. Nosso cérebro seria então uma espécie de três em um, um conjunto de estruturas que são chamadas a agir em função das diferentes situações que a vida nos oferece.

O primeiro cérebro, que foi o primeiro a surgir na evolução do homem, chama-se sistema reptiliano, porque é uma herança daqueles bichinhos simpáticos, como os crocodilos e os dinossauros. Suas funções estão inteiramente ligadas aos instintos de sobrevivência física, como comer, economizar energia, esconder-se, fugir e também gerar o impulso sexual, pois dele depende a sobrevivência da espécie.

O segundo cérebro chama-se sistema límbico, é bem mais novo que o anterior e tem sob sua jurisdição os sentimentos e as emoções. Graças a ele somos capazes de amar, odiar, sentir medo, raiva, saudade, prazer, ambição, ciúmes. Esse cadinho de sensações que nos fazem sentir bem ou mal, gozar com a vida ou sofrer por causa dela. Sem dúvida, o surgimento dessa qualidade emocional nos diferenciou de muitos animais, como os Foto: Daniel Aratangy; ilustração: Lauro Machado / Estúdio Insólito répteis, que só têm instintos de sobrevivência física. Um jacaré é incapaz de amar ou odiar, ele só quer viver. Não sabe o que está perdendo, o bobinho.

Só que o ser humano, e apenas ele – pelo menos com essa configuração –, tem o terceiro cérebro, chamado de córtex cerebral. Uma fina camada que recobre todo o órgão (córtex significa casca) e que concentra a maior quantidade de neurônios existente na natureza. E é nessa camada que se realiza o fantástico conjunto de reações químicas que convencionamos chamar de pensamento, lógica, razão. Essa é a parte que gosta de dizer que está no comando, afinal, vivemos em um mundo que valoriza a lógica.

Então o amor – esse sublime sentimento que embala nossos sonhos, acalenta nossas noites, alegra nossos dias e transforma a vida em algo que vale a pena – é função exclusiva do sistema límbico, a camada intermediária, superior aos instintos, mas inferior ao pensamento. Certo?

Errado. O amor pode começar ali, mas ultrapassa esses limites e contamina todo o cérebro, pedindo a participação de nossa parte mais primitiva, animal, e de nossa função mais desenvolvida, racional. Sem essas ajudas, o amor não se sustenta, deixa de ser um prazer e passa a incomodar como um corpo estranho.


Qual é o tipo de colaboração que o pensamento dá ao sentimento? Como é que a lógica colabora com o amor?Como todos os mortais já surfei nas ondas do amor e da paixão. Já peguei agradáveis marolas e emocionantes tubos, mas já quebrei a cara em recifes traiçoeiros. A paixão sempre me pareceu ser uma onda ótima, mas descobri que ela, em geral, tem um paredão por baixo que a gente não vê.

Já me apaixonei pela pessoa errada, sim. Por que ela era a pessoa errada? Bem, porque seus valores eram outros e porque seu estilo de vida não combinava com o meu, pelo menos não naquela fase de minha vida. A cobrança era muito grande, bem maior que minha capacidade de atender. Esse desequilíbrio deu origem a uns tombos que machucaram a alma. Só que a paixão era grande e eu levei tempo para compreender a realidade.

O sistema límbico estava podendo, mandando em tudo dentro de mim. O córtex, coitado, estava cochilando, amortecido pelo prazer narcótico da paixão. Só quando ele acordou e tomou controle da prancha é que evitei os recifes pontiagudos da decepção amorosa. A relação terminou, e foi sofrido terminar. Mas hoje, de cabeça fria, fica claro que foi a melhor solução existente. Esse é apenas um exemplo de como o sentimento, quando não é auxiliado pela razão, pode provocar mais sofrimento que felicidade.

Mas eu prefiro mesmo é falar da situação oposta, quando a razão e a emoção estão em sintonia. Aliás, lembrome de ter ouvido do psiquiatra Paulo Gaudêncio exatamente esta frase: “A felicidade acontece quando a razão e a emoção se encontram na realização de uma atividade prazerosa”. Belíssima observação do Gaudêncio, um médico que conhece a alma humana porque é um estudioso e porque é um homem sensível. Quando razão e emoção se encontram na mais agradável de todas as atividades, o amor, surge a glória.

Entretanto, o amor é um sentimento maravilhoso, mas frágil. Lygia Fagundes Telles uma vez o comparou a uma bolha de sabão, e escreveu um conto com esse título. A escritora tem razão, pense. Uma bolha de sabão é uma coisinha brilhante, belíssima, com cores que se alternam. Flutua no ar e se eleva como se estivesse em busca do infinito. Até que estoura...

E por que estoura a bolha de sabão?
Porque é sensível demais, frágil demais. Muito mais leve que a realidade cotidiana, pesada e cheia de farpas cortantes. O amor é assim mesmo, e se não for conservado ao abrigo das farpas cortantes acaba por estourar mesmo.

Por isso eu gosto do substantivo feminino “intenção”, que quer significar a proposta de um ato, de um movimento deliberado – portanto racional – em direção a um objetivo prédefinido. A vida de uma pessoa é cheia de intenções, às vezes boas, às vezes más. E é quando a intenção vira ação que as coisas acontecem, as transformações de processam, e o mundo segue seu curso evolutivo, que é resultante da subtração das más intenções.

Felizmente, no geral, as boas intenções predominam, mas precisamos observá-las no particular, em sua vida ou na minha, vidas corriqueiras de pessoas que só querem ser felizes. “Em minha vida”, talvez você diga, “não há más intenções.” É provável que não, mas coloque as coisas em outra perspectiva: a falta de boas intenções tem o mesmo poder destrutivo que a existência das más intenções.

Em outras palavras, o amor não sobrevive só de sua própria força e precisa ser apoiado pela força da razão?Uma relação a dois é feita de amor, de intenção e de ação. O amor sozinho é uma bolha de sabão. A intenção sozinha é inócua. A ação sozinha pode ser destrutiva. O encontro dos três é o caldo de cultura do sucesso da relação.

Conheço pessoas que se acomodaram na conquista. “Afinal, estamos juntos porque o amor no uniu”, diz o incauto, “E ele nos manterá unidos”, completa a imprudente. Não, o amor não sustenta, quem sustenta é a felicidade que vem dele, das ações que ele provoca e das coisas práticas da vida.

Lembro que ouvi um típico macho brasileiro afirmar que “a mulher” não se importaria que ele chegasse tarde em casa, pois ela estaria ocupada tomando conta das crianças. Ao lhe perguntar quando ele tinha lhe mandado flores pela última vez, ele me olhou como se eu tivesse feito uma pergunta sobre física quântica. E o último presente? Bem, esse foi mais fácil. “No Natal”, disse, rindo.

Para ser justo com os homens, também arrepiei os cabelos do braço presenciando alguns comportamentos femininos. Vi uma morena em uma roda de bar ser “sincera” com seu companheiro na frente dos amigos, deixando claro que eles se davam bem, mas que ele não era, em absoluto, “o amor de sua vida”. Nunca havia visto uma desdeclaração de amor tão explícita. Eu teria ido embora, e sem pagar a conta.

Qual é a intenção dessas pessoas que não colocam seu companheiro como algo importante em suas vidas? Que fruto espera colher um homem de uma árvore ressequida pela indiferença? Por que continua uma mulher ao lado de um homem a quem não dedica sequer suas melhores palavras?

O que pode fazer a razão em favor do amor é providenciar uma coleção de pequenos atos que, somados, conferem valor à relação e garantem sua longevidade. Não há nada mais sem graça que uma relação que se acomodou. Chega o fim, e é triste constatar que a imensa maioria dos casamentos desfeitos é vítima da rotina, mas esta não tem nada a ver com coisas que temos que fazer todos os dias, como levantar cedo, ir trabalhar, buscar as crianças na escola ou comprar pão na padaria da esquina. Essas são ações corriqueiras, normais, necessárias.

A rotina que mata o amor é a rotina do que não se faz. Da declaração de amor que deixa de ser feita, do elogio economizado à roupa simples do dia a dia, do sorriso sonegado ao acordar, da palavra de carinho roubada à despedida, da comemoração não feita em qualquer conquista, do boa noite seco, sem um beijo, antes de dormir.

O amor não se sustenta sem a intenção de amar e sem a ação pequena, mas constante, de alegrar o outro com sua presença. Acredito que o amor é uma grandeza que não se sustenta com o tempo. Ou aumenta ou diminui. Qual é, afinal, sua intenção?

(In; revista Vida simples, por Eugênio Mussak)

01 outubro, 2010

Conversa informal sobre política




Então, leitores...
Domingo será dia de eleição. Sei que para muitos, um dia de tortura, visto que nosso país não é nacionalista. E até entendo o desânimo em se escolher novo sgovernantes. É uma consequência de desilusões acerca das gestões passadas e ludibriosas. Mesmo assim, convido todos a um momento de reflexão. Pensar pode nos levar a boas escolhas.
Ontem aconteceu o "gran debate final" dos candidatos à presidência. Quantos leões e leoas soltos por lá. Há quem se deu bem com falas elaboradas e respostas estrategicamente retrucadas. Porém, há sempre o bobo da corte para animar a reunião. O que seria de uma nação com um governante que se abstém da obrigação do conhecimento sobre assuntos relevantes? Chega a ser hilário um candidato dizer que "não tem obrigação de conhecer o que lhe é perguntado". Oras, as perguntas não eram alienígenas.
Bom, deixando a ignorância e indo aos grandes dueladores, vejam quão foi elaborado o discurso da provável vencedora. Voz disfônica, porém imponente, confesso que demonstrou altivez. Mas me apavora a quase certeza da demagogia. É isso o que sempre me amedronta nos políticos. E há um outro que traz estampado no rosto, e nem posso dizer escondido nos cabelos, uma fala desconfiável e inócua.
Por fim, declaro que sou defensora do desenvolvimento sustentável e aposto meu voto nessa proposta. Contudo, não discordo que a representante de tal ideal tenha se perdido durante essa eleição. Houve momentos em que me decepcionei ao vê-la com retruques. Mas seu projeto, a mim, é o mais pertinente ao momento vigente de nossa sociedade.
Num futuro não distante, os racionamentos de água podem se estender a meses. E ae, como vai ser? O mundo precisa de mudanças urgentes quanto nossas ações ao meio ambiente. Senão, não vai sobrar ninguém para contar historinha nenhuma.

27 setembro, 2010

Pedalando e carregando....






Carrega na bike






Carregar o celular sem depender de energia elétrica e de graça. Parece bom? Pois a Nokia vai lançar ainda este ano um acessório para bicicleta que usa a energia das pedaladas para cumprir essa função. Ele começa a funcionar quando a bike atinge 6 km/h, maspara ao chegar aos 50km/h (que é para nao incentivar ninguém a sair por aí correndo demais). O fabricante garante que aos 12 km/h o carregador já é capaz de funcionar com a mesma pot~encia dos modelos tradicionais. A Nokia também afirma o kit, que inclui três peças, é bem resistente e fácil de montar e desmontar. Será lançado até o fim do ano em mercados selecionados, incluindo o Brasil, e compatível com todos os modelos da marca. (In: revista Vida Simples, out 2010)

21 setembro, 2010

Por mim...





     Não me dêem fórmulas certas,
porque eu não espero acertar sempre!
Não me mostrem o que esperam de mim,
porque vou seguir meu coração...
Não me façam ser quem não sou,
não me convidem a ser igual,
porque sinceramente, sou diferente!
Não sei amar pela metade,
não sei viver de mentira,
não sei voar de pés no chão!
Sou sempre eu mesma,
mas com certeza
não serei o mesmo pra sempre...
(Clarice Lispector)

03 setembro, 2010

Magia da natureza

Em alguns anos, chuvas na região do Atacama provocam o fenômeno conhecido como "Deserto Florido".
(Foto: Martin Bernetti)

28 agosto, 2010

Uma ideia




"Fiquei apenas pensando 
que seu rosto parece 
com as minhas ideias".

Chico Science

23 agosto, 2010

Clariceando...

"Minha alma tem o peso da luz.
Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita, preste quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência.
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio dos outros".

(Clarice Lispector)



Uma ótima semana a todos!!!

18 agosto, 2010

A paciência tece o tempo


O tempo que tive, passou
O tempo que tenho, está
O tempo que vem, não sei.

O tempo que tece
Tece tecido, prédios e pessoas
Tece manhãs, noites e lembranças boas .

O tempo acontece
Fazendo tudo acontecer
Tudo sumir e tudo desaparecer.

O tempo se faz
Fa-se quem o tem
O tempo se tece pela paciência, também.

08 agosto, 2010

Sobre o amor e seu trabalho

   

   Quando pequena, aprendi com meu pai a não jogar papel no chão. Ele me ensinou que todas as pessoas, sem excessão, devem ser respeitadas. Também lembro das tantas lições sobre o não desperdício e da responsabilidade necessária às atividades que fazemos, sejam elas quais forem. Ele era bastante austero, mas havia momentos de descontração. Não esqueço das piadas sem graça e das vezes em que jogamos dama, principalmente porque nunca ganhei.
    Hoje, quando vejo o mundo clamando por sustentabilidade e reciclagem de lixo, penso em tudo o que aprendi com meu pai. Embora fosse um homem simples, suas atitudes cotidianas já ditavam um novo estilo de comportamento humano indispensável à continuidade do planeta.
    Eu achava tudo um exagero. Parecia bobagem aproveitar as embalagens plásticas, economizar a água do banho e nunca poder deixar nenhuma lâmpada acessa em vão. Agora eu entendo que eram todas atitudes de cuidado. E percebo ainda mais que se não cuidamos, não seremos cuidados.
    Estou certa de que ensinarei aos meus filhos a não jogarem papel no chão, a respeitarem todas as pessoas, a serem responsáveis em tudo o que fizerem...

Saudades, papai.

14 julho, 2010

Poema transitório


(...) é preciso partir

é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar... Ah, como esta vida é urgente!

... no entanto

eu gostava mesmo era de partir...
e - até hoje - quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.
Mario Quintana 



"A vida também é transitória. Perceber sua efemeridade pode trazer mais leveza à nossa existência". 
  

08 julho, 2010

De cara nova

Este blog encontra-se de cara nova.
Com outro layout, nome novo e astral renovado,o espaço
apresenta-se mais alegre e versátil.
Os temas a serem propostos continuam os mesmos,
pretendendo trazer reflexões sobre fatos cotidianos,
pensamentos ou palavras emprestadas de pessoas
admiradas e questões acerca dos valores de nossa
existência. Tudo isso através das letras para treletrar
suas ideias.
Espero que tenham gostado!

04 julho, 2010






" Nada melhor 
para a saúde 
que um amor correspondido"
(Vinícius de Moraes)

20 junho, 2010

"B" de bola ou "B" de Brasil?



E dá para questionar?

07 junho, 2010

Nada mal para tudo igual...



"Nada mal para tudo igual. O Tempo inquieto tem passado como num ritual".
Meus dias estão quietos demais. Monótonos demais.
Parece que as semanas estão se repetindo, sem muito charme ou encanto. Cada dia, eu tenho um cardápio diferente de atividades. Minha profissão até que permite isso.
Porém, com dias variados, as semanas estão em repeteco. Essa pasmacera está me desaquietando.
Não há novidades. Não há adrenalinas. Não há fortes emoções.
Confesso ter contribuído para minha monotonia semanal. E confesso também ter me rendido às armandilhas da vida adulta: trabalho, cansaço, televisão, descanso!
O bom de tudo isso é saber da autonomia de nossas escolhas. É pensar que há um aprendizado subjacente em tudo o que se faz ou não se faz. É lembrar a evolução intrínseca ao tempo de nossa existência.

"As coisas mudam. Tudo acaba. Tudo recomeça. Eu re-começo-me".
(Erika de Brito)

"Mesmo quando nada acontece, há um milagre que ocorre em silêncio".  
(Guimarães Rosa)

Só para lembrar, estamos em semana de FICA! Eba! Eba!

26 maio, 2010

Ideando...





"A coragem real é mais paciente que audaciosa".
Étienne  Sénancour 






20 maio, 2010

Desafio Clarice



Gosto muito de Clarice Lispector. O modo como escreve e a transcendência que sua obra traz me encantam. A primeira vez que li um texto dela, pensei: "enfim, alguém que conseguiu escrever o que eu sinto em relação a vida e a existência humana".
Conheço boa parte de tudo o que publicou, mas sei que sua bibliografia é bastante extensa. Por isso, acabo de lançar um autodesafio: ler todos os seus livros. Não será fácil, pois há muito o que se ler. E dividir essa tarefa com as leituras necessárias ao trabalho, convivência social com as  "minhas" pessoas e momentos insubstituíveis de descanso e lazer será complicado. Mas quero ser ousada e melhorar o conhecimento sobre minha autora preferida. Eu e ela merecemos esse contato.
Estipulo o prazo de três anos para tal façanha. Manterei notícias acerca desse assunto no blog.
Segue abaixo a lista bibliográfica:




·  Perto do Coração Selvagem - novela -1943

·  O Lustre - novela -1946

·  A cidade Sitiada - novela - 1949

·  Alguns Contos - cuentos - 1952

·  Laços de família - cuentos - 1960

·  A Maçã no Escuro - novela - 1961

·  A Legião Estrangeira - cuentos y crónicas - 1964

·  A Paixão segundo GH - novela - 1964

·  Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres - novela - 1969

·  Felicidade Clandestina - cuentos - 1971

·  A Imitação da Rosa - cuentos - 1973

·  Água viva - ficción - 1973

·  A Via Crucis do Corpo - cuentos - 1974

·  Onde Estivestes de Noite? - cuentos - 1974

·  De Corpo Inteiro - entrevistas - 1975

·  Visão do esplendor - crónicas - 1975

·  A hora da estrela - novela - 1977

·  Para Não Esquecer - crónicas - 1978

·  Um Sopro de Vida - 'pulsaciones' - 1978

·  A Bela e a Fera - cuentos - 1979

·  A Descoberta do Mundo - crónicas – 1984


·  O Mistério do Coelhinho Pensante, 1967

·  A Mulher que Matou os Peixes, 1969

·  A Vida Ïntima de Laura, 1974

·  Quase de Verdade, 1978

·  Como Nasceram as Estrelas, 1984

17 maio, 2010

Sonhos, sabores e afazeres

Já disse e repito: Gosto muito das segundas-feiras. E reafirmo isso porque é nesse primeiro dia da semana (embora no calendário seja o segundo) que se renovam as perspectivas de novos afazeres, sabores e suores. Os sonhos parecem ser iniciados ou reiniciados às segundas.





O sonho encheu a noite
Extravasou pro meu dia
Encheu minha vida
E é dele que eu vou viver
Porque sonho não morre.
Adélia Prado

09 maio, 2010

Três





Inquieta, tonta e desajeitada
Organizada na pequena bagunça de sua casa.
Só, em seus dias habituais;
mas solitária em sua vida, jamais.


De manhã um sonho
Ainda resquício da noite mal dormida;
Ao meio dia,  metade das obrigações;
À noite, sono e cansaço sem emoções.

Calada, porém não ausente aos dizeres oportunos.
Linda, sem muita beleza aos olhos distantes.
Estrutura ética e emocional de duas existências.
Mãe de muitos adjetivos, boas reticências...

Lilian Tavares

06 maio, 2010

3 º MIAU



O MIAU - Mostra Independente do Audiovisual Universitário é espaço garantido de exibição e discussão de filmes e vídeos em curta-metragem realizados por universitários brasileiros, sem distinção de bitolas, e que se destaquem pela ousadia e criatividade na utilização das linguagens cinematográficas.

O festival acontece de 5 a 9 de maio de 2010, no Cine Goiânia Ouro, em Goiânia/GO, e se apresenta como um evento que contribui para o enriquecimento do cenário cultural goianiense, e promove o cinema universitário nacional trazendo o que ele oferece de mais inovador e criativo a cada edição.

02 maio, 2010

S.O.S para o PC




Olá, leitores...

Hoje estou aqui pedindo uma ajuda virtual.
Não tenho muita agilidade nos comandos digitais.
Configurar o computador ou até mesmo atualizar
o antivírus são tarefas complicadas para mim. 
(Que vergonha, rs!)
A verdade é que sempre pude contar com pessoas 
próximas que organizavam tudo. 
Agora, não tenho mais nenhum personal desktop por perto, 
e por isso peço ajuda !
Se alguém conhecer uma pessoa boa e confiável para 
me ajudar na faxina do PC, indiquem-me!
Questão de sobrevivência  para arquivos importantes.

Segue abaixo um poeminha para bom início de semana!




Deus

Deus costuma usar a solidão para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva, para que possamos compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes, usa o cansaço, para que possamos compreender o valor do despertar.
Outras vezes, usa a doença quando quer nos mostrar a importância da saúde. 
Deus costuma usar o fogo para nos ensinar sobre água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos compreender o valor do ar.
Outras vezes, usa a morte, quando quer nos mostrar a importância da vida.

Fernando Pessoa

21 abril, 2010

Para refletir...

"Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão".
Paulo Freire

11 abril, 2010

Reescrevendo Manoel Bandeira

Se Manoel Bandeira estivesse vivo e se tivesse presenciado a tragédia fluminense da última semana, certamente reescreveria o seu poema, que passaria a chamar-se O peixe-bicho. E ele seria assim:


O peixe-bicho


Vi ontem um bicho que parecia peixe

Na imundície do alagado
Era arrastado pela enxorrada, lama e detritos.


Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:
Agarrava-se vorazmente.


O bicho não era um cão,

Não era um peixe,
Não era um rato.


O bicho, meu Deus, era um homem.


Rio, 07 de abril de 2010






(Poema original):

O bicho


Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.


Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.


O bicho não era um cão,

Não era um gato,
Não era um rato.


O bicho, meu Deus, era um homem.
   

Rio, 27 de dezembro de 1947

04 abril, 2010

Páscoa brasileira



O Evangéio segundo o homi do sertão

Certo dia Deus acorda
Oia aqui pra baixo e diz:
- Oxente! Esse povo tá ficano doido é?!
Criei a terra, o céu e o mar
As pranta e os animá
E eles – homi e muiê
Mas tá um no prato do ôtro meteno a cuié,
Tão se acabano, acabano o praneta, moço
E oie que no iniço tudo era bão, desde esboço!

As injustiça tá arretada
Os homi só qué dominá
Os seres que se dize humano
Qué é mermo enfiá a faca no buxo do outro,
Como se diz entre eles mermo,
“Farinha poca meu pirão primero”
É tanta gente desumana precisano se consertar...
Já tô veno...
Vô tê que mostrá pra esse povo a agir como gente mermo...

Jesus meu fio, venha cá!
Oia pro desgracero que tá se assucedeno lá imbaxo
Minhas criatura prefirida meu fi!
Essa gente tem é sorte, vice
Pro mode se num fosse meu amô pro eles
Que é maió do que seus pecado
Eles tarium tudo arruinado, fritim,fritim...
Todo mundo lascado.

-Não se apoquente meu pai
A gente já vai arrersorvê esse causo
Num vai ser farci não
O cálice é pesado
E o que se tem nele, é amargo
Mas há o que se fazê.

- Ta bom meu fio
Entonce tu vá lá
Pra lá eu te enviu
Pra esse povo sarvá
Purque a iniquidade
Já num ta mais pra se guentá.
Num é que Jesus foi mermo homi?!
Desceu em forma de gente
Num ventre de uma tá de Maria
Lá de Belém da Judea
Muiê virge, valoroza, de fé
Sofreu restrição sociá da comunidade
E até mermo
De seu marido, José
Que num entendeu nadica de nada
Da gravidez inesperada.
Mas Deus-Paim mandô um anjo
Pro mode falá cum ele, o José
Através dum sonho
E expricá o acontecido
E só depois disso entonce
É que se ficô tudo compreendido.

Após muita aflição e perseguição
Nosso Sinhô teve que nascê num dormitório de jegue
Numa tá de manjedora lá
No meio de animá e de capim
Pro mode de não ter dindim
Pois num era de familia de posse
Êita que situação ruim...

Mas tudo acabou-se dano certo
Essa criança foi cresceno, cresceno...
Em artura, matutez e graça
Diante dos homi e de Deus.
Aos trinta ano foi batizado
Prum tá de João Batista, seu primo
Que vivia no deserto
Comeno uns garfanhoto e mé sirvestre
Pregano arrependimento
Às vibura da época
Escribas e farizeus
Ô raça de cabra safado...!
São piores do que um ateu...
Mas deixa isso pra outra conversa
Vamo dá continuidade ao causo em pauta.

Pois entonce, logo depois desse batismo
Nosso sinhô contemprô o Esprito Santo!
Que veio sobre ele e disse:
“Esse é meu fio amado
Em que tenho prazê danado!”
Aí sim o Nosso Sinhô começô seu ministero
Que foi grande de arruiná
As estrutura sociá da época.
É que ele – Nosso Sinhô,
Começô a curá
Libertá
Ensiná
Restaurá

Aos rico pregô pobreza de espríto
E aos pobre abraçô com riqueza de amô.

Mas um tá de Judas, um dos seu dircípro
Quis colocá tudo a perdê
Mas Jesus não ficou arretado com ele não
Já sabia de tudo...
Isso já tava inscrito nos prano divino
Pois pra o nosso Deusim nada é oculto.

Desde aí entonce
Nosso mestre foi cuspido
Deram com um caniço em sua cabeça
Puseram nele um pano avermeiado
E uma coroa cheia de espinho.
Fizeram gozação com ele, moço...
O chamano com muito sarro de “rei dos judeus”.
Colocarum num madeiro
O prego lhe fez muita dô
Os espinho lhe aprofundava o coro da cabeça
E ele, sufocado, agonizô.

Mas nosso Sinhô num desistiu não
Tava por demais arresovido
Prosseguiu
Se manteve firme
Até o finá ficô.

É aquela cruz era que nem mandacaru
Dolorida e espinhosa
Mas de onde se saia líquido em tempo sequioso
Dali saiu líquido precioso
Pra nossas arma banhar.
E como as água do velho Xico
Irriga, transforma, faz nossa vida briá.

Retirarum seu corpo da cruz
Colocarum num túmulo
Num negócio chamado sepucro
O cemitério deles lá
E nele ficô até guarda a vigiá
Mas num adianto não
Mermo assim a pedra rolô
Ele resucitô
Ressurgiu dentre os môrto
Se levantô
Êita cabra arretado é o Nosso Sinhô!

E hoje Ele cum essa atitude de amor
Um candiêro eterno nos dexô
E nele a chama inapagarvi
Da esperança e do amô
Pra andarmo iluminado nesse mundo de escuridão
Viva a Nosso Sinhô!


de Weslley Moreira de Almeida
Feira de Santana - BA

27 março, 2010

BBB polílitico





Estamos em ano de eleição e pouco ainda se conhece dos reais canditados aos governos. Ouço incessantes comentários e opiniões diversificadas sobre Cadú, Fernanda, Dicésar, Dourado e Lia. As pessoas analisam diariamente o comportamento de pessoas desconhecidas e enjauladas. Mas as análises acerca de quem administrará a educação social, a organização da Saúde e a melhoria da segurança pública são inexistentes. São escassas as conversas sobre política. 
Esta semana, o Jornal Nacional trouxe uma reportagem lamentável referente à decadência de um hospital público no Maranhão. Quinze crianças morreram esperando por atendimento que fora negligenciado por superlotação. Ontem um outro jornal, desta vez local, relatou a influência de menores, CRIANÇAS, no tráfico de drogas. Mostrou ainda a morte de várias delas e apenas um caso que está em clínica de recuperação. Diante disso, as eleições estão chegando e é a final do Big Brother que está bombando enquanto o futuro do país morre em filas de hospitais e por tiros de traficantes.
Pensando em uma solução imediatista, proponho um confinamento de três meses com os próximos canditados. Imaginem observar a convivência diária dos nossos futuros governantes? Hilário!
As provas de sobrevivência aconteceriam através da simulação de situações reais. Os “brothers” teriam que disputar uma vaga por atendimento emergencial em um hospital público, tentariam atendimento odontológico em um cais, enfrentariam um dia repleto de compromissos locomovendo-se de ônibus e sobreviveriam aos três meses com um salário mínimo. Ninguém sairia antes do tempo trimestral. No final, dia da eleição,  quem fosse aprovado ao julgamento dos eleitores, venceria.
O apresentador poderia ser Luís Inácio da Silva ou Fernando Henrique Cardoso. Ou ainda, os dois, para maiores emoções e conflitos. Esse seria o programa eleitoral de 2010. Fica aqui minha proposta de incentivo de maior participação popular nas próximas eleições.