Assistindo aos jornais locais , horário do almoço, fiquei perplexa. É intransigente a exploração sensassionalista que a mídia televisiva faz das tragédias alheias. As reportagens sanguinolentas perfazem a temática ímpar do que é apresentado. Confesso que um telespectador pouco informado, dentre tantas notícias tristes, torna-se incrédulo a qualquer gesto de bondade diante do mundo. Contudo, há notícias boas para serem contadas. O mundo e os homens não são tão violentos assim, a ponto de se fazer pensar que a paz não existe mais. Há muitas pessoas lutanto pela pacificação humana. Em exemplo, exponho Satish Kumar, existência peculiar de dignidade e altruísmo. "Satish Kumar, indiano, nasceu no Rajastão e aos 9 anos de idade renunciou ao mundo para se tornar monge jainista. Vivia de doações, andava descalço e não tinha residência fixa. Foi quando leu
My Experience With Truth, de Mahatmam Gandhi, e viu suas convicções caírem por terra. Entendeu que para mudar o mundo era preciso viver entre os homens e não fugir deles. Kumar se tornou um discípulo de Gandhi e participou dos movimentos de reforma agrária iniciados por ele. Nos anos 60, fez uma caminhada pela paz pelos quatro países então detentores da tecnologia da bomba atômica: Rússia, França, Inglaterra e Estados Unidos. Teve a oportunidade de falar com personalidades como Martin Luther King e Bertrand Russell. Essa jornada é contada em sua autobiografia,
No Destination (Sem destino). Anos depois, Kumar se tornou editor da revista
Resurgence, uma das principais vozes do movimento ambientalista da Europa, onde está até hoje. Mas foi com a criação do
Schumacher College, escola de ciências holísticas e ecologia na Inglaterra, que reuniu num só lugar todos seus valores: espiritualidade e justiça social e ambiental. A escola tornou-se parada obrigatória para os amantes da sustentabilidade. Um belo legado de Gandhi".
(In revista Vida Simples, julho 2009)"A educação em que acredito é baseada no relacionamento, enquanto a ocidental é mais individualista, cheia de eus e meus: meu sucesso, meu isso, meu aquilo".
Satish Kumar
" Humildade "
Djalma Andrade
Que o meu orgulho torne-se humildade
Podendo ser o mais, que eu seja o menos;
Que morra, em mim, a estúpida vaidade
E que eu seja o menor entre os pequenos.
E que eu pratique o bem, - fuja de maldade
E não atenda mais aos seus acenos;
Que se transforme em rosas de bondade
O que era em mim espinhos e venenos.
Que a minha mão as dores alivie,
Que aos mais humildes eu não cause inveja,
E, se luz eu tiver, que aos outros guie...
Mãe, que eu veja nos pobres meus iguais,
E, se orgulho eu tiver. que o orgulho seja
De ser o mais humilde dos mortais.
( Antologia da Nova Poesia Brasileira
J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. 1948 )