"Quem és tu que me lês? Sou eu o teu segredo ou és tu o meu?" (Clarice Lispector)

01 outubro, 2009

A colher de pau




Alguns objetos, por mais simples que sejam, podem trazer em si histórias e lembranças muito importantes. São capazes de desaquietar sentimentos e confundir realidades inquestionáveis.

Mesmo quando deixados na porta de sua casa, sem nenhum bilhete, fazem-se definíveis pelo fato de apenas terem sido deixados ali, para você. E isso ocorre por serem peculiares a um contexto fragmentado. Esses objetos, como uma colher de pau deixada para você, podem parecer desapropriados a um presente não previsível. Porém, se percebidos como a continuidade de um momento inacabado, soam em desfecho ou em ilusória vontade de continuação.



“Uma colher é sempre um objeto que vincula o desejo por um alimento ao prazer do sabor. É um utensílio de ligação entre o abstrato e o não-abstrato. A necessidade física da fome à vontade subjetiva de comer. Ela também pode nos fazer experimentar sabores doces, amargos, frios e quentes. Pode misturar ou separar alimentos. Envolver ou desenvolver receitas e histórias. Pode, até, lembrar fragmentos de um sabor ainda desejável.”





Nenhum comentário:

Postar um comentário