"Quem és tu que me lês? Sou eu o teu segredo ou és tu o meu?" (Clarice Lispector)

31 agosto, 2009

Escrever


Escrever


"O transe poético é o experimento de uma realidade anterior a você. Ela te observa e te ama. Isto é sagrado. É de Deus. É seu próprio olhar pondo nas coisas numa claridade inefável. Tentar dizê-la é o labor do poeta."(Adélia Prado)

"Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas... Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas. Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."
"As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito."
(Clarice Lispector)

"O essencial da arte é exprimir; o que se exprime não interessa" (Fernando Pessoa)

29 agosto, 2009

Sobre a existência


























"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".
José Saramago




“Existir é tão completamente fora do comum que se a consciência de existir demorasse mais de alguns segundos, nós enlouqueceríamos”.

Clarice Lispector





Fluxo infame
























Fluxo infame

não reside na matéria
a parte sutil do ser, descolunada,
sem concretos.
o que habita a face humana?
reside na alma o lençol mais íntimo
e solene
ou todo o patrimônio denso e luzidio
e pujante do que gatilha

força aquilo que nos conduz?

onde a vida anda em bando rompe
a luz etéria, fértil bomba. nada de bom
se faz dilúvio
ou surto avesso do cor
ação?

então, o quê?

Germano Xavier

28 agosto, 2009

Saúde e Alegria





O grupo Saúde Alegria está há onze anos realizando animação hospitalar nas tardes de domingo do Araújo Jorge. É composto por trinta pessoas e tem como principais objetivos:



- Levar alegria e otimismo para crianças e adultos internos nos hospitais.
- Diminuir a ansiedade dos pais das crianças internas, ao vê-las se divertindo juntamente com um médico-palhaço, que além de levar alegria, leva também a cultura através do "teatro improvisado", proporcionando assim, inúmeros sorrisos, que na opinião dos profissionais da saúde, são indicadores de que há melhora no quadro clínico;
- Implantar de forma mais "freqüente e atuante" o processo de Humanização Hospitalar, auxiliando aos amigos pacientes na superação de seus traumas, decorrentes dos momentos de sofrimento dentro do hospital;
- Viabilizar aos amigos pacientes (crianças ou adultos), que em muitos casos são de outras cidades e não recebem visitas, a oportunidade de serem visitados por um amigo divertido, colorido e especial, que são os nossos "alegrilorogistas", que levam alegria, descontração e esperança.

Visite o site para conhecer melhor esse trabalho maravilhoso: www.saudealegria.com.br



Dia 28 de agosto, dia Nacional do Voluntário


Blecaute Poético


Blecaute Poético


Em À procura da Poesia, um dos mais famosos poemas de Carlos Drummond de Andrade, pode-se ler: "Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá estão os poemas que esperam sem ser escritos". É provável que o jovem artista-gráfico e escritor americano Austin Kleon não tenha ouvido falar do mineiro - a literatura brasileira não existe no exterior - , mas ele criou uma brincadeira de criança grande bem bacana: Kleon pega uma folha de um jornalão americano qualquer, pesca algumas palavras ao longo do texto e tinge o resto de preto. Resultado: aquelas palavras aparentemente soltas na página modificada pelo artista-escritor ganham sentido, coesão, e podem ser lidas como um poema. Há até a previsão de lançametneo de um livro com os melhores newspaper blackout poems, como o artista designa seu trabalho. Em seu bem fornido blog, Kleon mostra em detalhes como arrancar poesia do mimimi cotidiano da imprensa.

www.austinkleon.com/blog

(In: Revista Vida Simples, set 2009)

25 agosto, 2009

Um poema sobre o NADA




















Delimite o espaço para o nada!

Represente o nada!

Olhe para o nada!

Encontre-se com o nada!

Nada-se no vazio desse nada!

Onde tudo se cria do nada!



Luiz Flávio

24 agosto, 2009

Dublê





















Dublê


Perco-me em nossos planos
Perdoa-me, imploro. Sou incapaz de alegrias
Se assim o desejar

A tarde escorreu sem ti
E sobra-me, agora, esta ponte nula
Entre o que não fiz e o que deixei de fazer

Enjoam-me as palavras
Percebo em tudo uma precária fragilidade
É urgente confessar-te o que mais desejo

De agora em diante e para todo o sempre
Tão somente: silêncio e resignação

Assionara Souza

22 agosto, 2009

Sds!


"...é preciso reciclar e é por isso que vou me desprendendo aos poucos, para poder voltar completo mais adiante..."

Marco Hruschka

Vigília


Vigília



Tento dormir e descubro

O que fazes velando o meu sono?

O que queres mirando meu rosto assim?

Belo eu sei que ele não é

Então, quantas noites mais terei o prazer desta vigília?


Mas, é hora

A noite se vai, o tempo que corre acelerado

Sempre acelerado quando estamos, nós dois, como se fôssemos um

Sol nascendo para o sono que não pude ter à noite

Não há arrependimentos


Toda saudade é expressão da despedida

Todo reencontro demora mais do que seria justo esperar

Mas nestas horas assemelhadas a dias

Resta a certeza de novamente trocar o sono pela vigília

Benditos momentos em que não há nada melhor para fazer


Leva

Através do certo

Por entre os mistérios

Entre teus lábios

Sob tua pele

Em teu respirar

Naquele teu olhar

Dentro de si


Leva

Esta certeza

Estas linhas

Esta fábula

Esta maneira

De falar do amor

Que dedico a ti


João Neto

20 agosto, 2009

Cora Coralina


Aos 120 anos da significativa singeleza de Cora Coralina!




Saber Viver


Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar

18 agosto, 2009

O sangue em chiapas


Embora a proposta deste espaço seja a de expor textos breves, preferencialmente poesias, hoje não resisti. O texto a seguir, de José Saramago, reuni uma precisão de palavras e ideias surpreendentes aos seus leitores. Espero que gostem!



Todo o sangue tem a sua história. Corre sem descanso no interior labiríntico do corpo e não perde o rumo nem o sentido, enrubesce de súbito o rosto e empalidece-o fugindo dele, irrompe bruscamente de um rasgão da pele, torna-se capa protectora de uma ferida, encharca campos de batalha e lugares de tortura, transforma-se em rio sobre o asfalto de uma estrada. O sangue nos guia, o sangue nos levanta, com o sangue dormimos e com o sangue despertamos, com o sangue nos perdemos e salvamos, com o sangue vivemos, com o sangue morremos. Torna-se leite e alimenta as crianças ao colo das mães, torna-se lágrima e chora sobre os assassinados, torna-se revolta e levanta um punho fechado e uma arma. O sangue serve-se dos olhos para ver, entender e julgar, serve-se das mãos para o trabalho e para o afago, serve-se dos pés para ir aonde o dever o mandou. O sangue é homem e é mulher, cobre-se de luto ou de festa, põe uma flor na cintura, e quando toma nomes que não são os seus é porque esses nomes pertencem a todos os que são do mesmo sangue. O sangue sabe muito, o sangue sabe o sangue que tem. Às vezes o sangue monta a cavalo e fuma cachimbo, às vezes olha com olhos secos porque a dor lhos secou, às vezes sorri com uma boca de longe e um sorriso de perto, às vezes esconde a cara mas deixa que a alma se mostre, às vezes implora a misericórdia de um muro mudo e cego, às vezes é um menino sangrando que vai levado em braços, às vezes desenha figuras vigilantes nas paredes das casas, às vezes é o olhar fixo dessas figuras, às vezes atam-no, às vezes desata-se, às vezes faz-se gigante para subir às muralhas, às vezes ferve, às vezes acalma-se, às vezes é como um incêndio que tudo abrasa, às vezes é uma luz quase suave, um suspiro, um sonho, um descansar a cabeça no ombro do sangue que está ao lado. Há sangues que até quando estão frios queimam. Esses sangues são eternos como a esperança.

José Saramago



DOE SANGUE!


17 agosto, 2009

Ou isto ou aquilo




OU ISTO OU AQUILO

Ou se tem chuva ou não se tem sol,
ou se tem sol ou não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo dinheiro e não compro doce,
ou compro doce e não guardo dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

CECÍLIA MEIRELES

14 agosto, 2009

E depois?








E depois de ser feliz, o que acontece?

Clarice Lispector






Lulas, Polvos e outros mais

Era uma vez uma cidade chamada Imaginária. Nela, tudo parecia lindo e perfeito.
No dia 13 de agosto de 2009 toda a cidade mobilizou-se porque receberia uma visita ilustre.
A Lula, que vivia num grandioso Aquário Lunar, visitaria aquele lugar. Para recebê-la, o prefeito João-de-barro mandou construir muitas casinhas para sortear aos passarinhos que ainda não sabiam voar. O chefe maior Cídio Gavião, que governava a unidade nação, não quis usar seu melhor terno, mas mandou enfeitar toda a cidade e pediu ao seu assistente-pensante-mor que elaborasse um belo discurso para o governante falar.
E assim aconteceu a visita. Muitos passarinhos foram conferir de perto a tão famosa Lula. Ela era simpática e usava trajes simples. Porém, o mais curioso é que lhe faltava um tentáculo. Será que a falta disso implicava ou explicava alguma atitude dos comentados não-sabismos da Lula? Mas isso não importava naquele momento. Muitos passarinhos receberam suas casinhas, assistiram ao show do Tcha-tcha, comeram alpiste e voltaram para casa a pé mesmo, porque aprender a voar talvez seria incômodo naquele momento.




Enquanto isso, no grande Aquário Lunar, acontecia uma estrondosa confusão. O Polvo, semi-chefe do local, fazia um hipnotizante discurso aos tubarões. Quando ele já estava quase conseguindo hipnotizar todos eles, eis que surge um grupo de invasores. Seres alienígenas pensantes, vindo de um plante distante dali, chamado Universidade. Eles usavam roupas de borracha e aparelhos estranhos no nariz. Protestavam contra o Polvo e suas artimanhas ludibriantes e hipnotizantes. Os peixes-espada, guardas daquele submundo aquático, lutaram roboticamente e venceram os alienígenas pensantes.
O Polvo, ao ser entrevistado sobre o assunto, disse que não vira nada, pois estava em estado Alpha durante sua sessão discurssiva de hipnose.

Lilian Tavares

11 agosto, 2009

Desconstruções




Desconstruções


Quando a gente conhece uma pessoa, construímos uma imagem dela. Esta imagem tem a ver com o que ela é de verdade, tem a ver com as nossas expectativas e tem muito a ver com o que ela "vende" de si mesma. É pelo resultado disso tudo que nos apaixonamos. Se esta pessoa for bem parecida com a imagem que projetou em nós, desfazer-se deste amor, mais tarde, não será tão penoso. Restará a saudade, talvez uma pequena mágoa, mas nada que resista por muito tempo. No final, sobreviverão as boas lembranças. Mas se esta pessoa "inventou" um personagem e você caiu na arapuca, aí, somado à dor da separação, virá um processo mais lento e sofrido: a de desconstrução daquela pessoa que você achou que era real.


Martha Medeiros
(In: O sitio do estrangeiro - blog)

09 agosto, 2009

Mãos silenciadas


Post dedicado a um amigo que partiu e que tantas vezes usou suas mãos para ajudar muitas pessoas a andarem.


Não nos esqueçamos, nunca, da vulnerabilidade da vida. A qualquer momento podemos nos surpreender com fatos inesperados e direcionais de nossa existência.
Se pensarmos na fragilidade da vida, e em sua efemeridade, talvez possamos viver com mais sabedoria e com atitudes mais éticas.




O que podem fazer as mãos?






As mãos saúdam, as mãos sinalizam. As mãos envolvem, dão carinho.

As mãos estabelecem limites. Escrevem. Abençoam.

As mãos desenham no ar o "a Deus", o "até logo".

As mãos agasalham. Curam feridas.

Para o mudo a mão é o verbo. Para o idoso é a segurança.

Para o irrascível a mão erguida é ameaça. Para o pedinte a mão estendida é súplica.

Para quem ama, a mão silenciosa, que acolhe a do ser amado, é felicidade.

Para quem chora, a mão alheia é conforto.

Há mãos que agarram, perturbadas. Há mãos que tocam, suaves. Há mãos que ferem. Há mãos que acariciam. Há mãos que amaldiçoam.

Há mãos que abençoam. Há mãos que destroem. Há mãos que edificam, trabalham, realizam.

...

Jesus impôs as mãos sobre as crianças para abençoá-las. Também impôs as mãos para curar a filha de Jairo, o surdo-mudo, o cego de Betsaida, e tantos outros.

Há pessoas que transmitem energias, através da imposição de mãos, entregando-se a essa tarefa tão bela de amor.

...

Nossas mãos podem exteriorizar o amor, construindo templos, hospitais e escolas; fabricando vacinas e equipamentos médicos; alimentando famintos, medicando enfermos...

Podem concretizar a paz social assinando tratados de armistício, escrevendo livros, guiando carros, pilotando aviões, varrendo ruas, tocando instrumentos musicais, pintando telas, esculpindo, construindo móveis, prestando serviços...

Podem manifestar fraternidade, ao lembrarmos da essencialidade do humano, da sensibilidade, da empatia, estendendo-as a um irmão que, num dia difícil, põe-se a chorar.

... Mãos são abençoadas ferramentas para construção de um mundo melhor.

Use-as sempre para edificar, elevar, dignificar, apoiar, acenar com a esperança de melhores dias...


(In: cartas á mocidade espírita)

07 agosto, 2009

Outro ensaio sobre o amor


Essa é a história de uma menina e de um pássaro encantado que se apaixonaram. O pássaro voava para longe e voltava sempre, contando histórias de onde passou. Sofrendo com as constantes partidas do amado, a menina resolveu prendê-lo. Engaiolado, o pássaro mudou. Perdeu as cores nas asas; ficou sem canto. A menina também se entristeceu e acabou por abrir a gaiola. O pássaro agradeceu e partiu e ela passou a ver o mundo como um lugar encantado. Começou a se enfeitar e a se fazer bela, sempre à espera de um reencontro. (Luisa de Andrade)

“Não há amor que resista a perda da liberdade. Se não houver liberdade, não existe possibilidade que o amor dure.” (Rubem Alves)

Ensaio sobre o amor


Encontrei as frases seguintes em um blog que gosto muito. Elas referem-se ao amor. Falam do amor conjugal, este sentimento que constantemente recebe ensaios acerca de sua definição. Ontem, durante uma conversa, questionei e fui questionada sobre o que é o amor. Os homens, ao menos os de senso mais comum, parecem sempre chegar à conclusão: o sexo predomina sobre qualquer sentimento.
Eu acredito que o amor não seja definível. É um sentimento e por isso mesmo, é sentido; abstrato demais. Penso que seria bom se as pessoas percebessem que o amor acontece distante de qualquer lógica ou razão. Que não deveria ser um sentimento ímpar, como o percebo na maioria dos relacionamentos. E que há muita diversidade entre os tantos amores que nos permeiam e nos constituem, cada qual com sua importancia.


´´No amor, não existe nada senão um desejo frenético do que foge de nós.´´ - MONTAIGNE

´´ Não é costume se amar o que se tem. ´´ - ANATOLE FRANCE -


06 agosto, 2009

Literatura itinerante



















Existem pessoas de atitudes nobres fazendo a boa educação por aí. Um evidente exemplo disso é o que nos conta o texto abaixo. Iniciativa de cidadania que merece ser multiplicada.



Jumentos viram bibliotecas ambulantes em Pernambuco


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O programa "Livros Andantes" utiliza jumentos para carregar livros para Amaraji, cidade localizada na Zona da Mata Sul de Pernambuco, a 96 km do Recife. As "bibliotecas ambulantes" estão percorrendo dois distritos de Amaraji - Estivas e Mulungu - carregados com centenas de livros que ficarão disponíveis para a população primeiro em salas de leitura ao ar livre, depois em escolas. O "Livros Andantes", projeto aprovado pelo Fundo de Cultura do Estado de Pernambuco (Funcultura), foi concebido e é coordenado pela jornalista e cineasta Clara Angélica, que nasceu em Amaraji. A coordenação pedagógica fica por conta da atriz e arte-educadora Márcia Cruz. Os livros ficarão expostos nas salas de leitura ao ar livre por três meses. Após o período, os caçuás com as obras carregados pelos jumentos serão doados às escolas dos povoados para uso da população, iniciando, assim, uma biblioteca comunitária.
As crianças são as maiores beneficiadas pelo universo da literatura móvel oferecida pelo Livros Andantes. Enquanto escolhem os livros mais interessantes, um palhaço se junta aos agentes de leitura para organizar a fila dos livros e explicar a iniciativa aos pais das crianças. Incrédulos e surpresos, o adultos das comunidades visitadas também se mostram interessados nas leituras ilustradas.
A idealizadora da iniciativa compartilha dos sonhos daquelas crianças e pensa longe. “A gente espera que alguém abrace a idéia e ajude a expandir para os demais povoados daqui e de outros municípios, usando o transporte característico de cada lugar. Hoje é um jumento ou um burrinho, mas pode ser bicicleta, navio, moto, qualquer coisa”, diz.
A coordenadora pedagógica explica que a proposta, embora inicialmente restrita a apenas dois povoados, vai além do incentivo à leitura. “Queremos melhorar as perspectivas das pessoas daqui, compartilhar experiências, incentivar a oralidade e as expressões de cada uma. Treinamos educadores locais para contar histórias e dramatizar, de modo a não transformar a leitura em algo obrigatório, mas em algo prazeroso”, define.




"Ó bendito o que semeia livros
Livros a mão cheia
E manda o povo pensar

O livro, caindo n'alma
É germem que faz a palma
É chuva que faz o mar

Vós, que o tempo das ideias
Largo, abres as multidões
Para o batismo luminoso das grandes revoluções"


(Fragmento do poema O livro e a América, de Castro Alves)

04 agosto, 2009

Existência suprema


DEUS PENSA NO HOMEM



(Jules Supervielle)



Não sei como exatamente

Mas terá o meu semblante,

Eu que sou todos os mundos

Com cada um de seus instantes.

Vou separá-lo do resto

E isolá-lo entre meus braços;

Quero adotar os seus gestos

Antes que seja o que será.

Já posso vê-lo à janela

De uma casa que ainda não há.

Tateio-o, toco-o com os dedos,

Dou-lhe forma sem querer,

Dou-o a mim, tiro-o de mim,

Pois tenho pressa de o ver!

Observo-o tanto, retardo-o

Por melhor o conceber!

Às vezes, informe, saltas,

Te afastas e entras na noite

Ou, crescido, tu me escalas

E te tornas um gigante.

Eu que a todo olhar me finto

Quero-te ao longe visível,

Eu que sou silêncio infindo

Te ensinarei a palavra,

Eu que não posso pousar

Quero-te firme sobre os pés,

Eu que estou em toda parte

Quero-te num só lugar,

Eu que estou em minha lenda

Sozinho como um cordeiro

Perdido na mata horrenda,

Eu que não como nem bebo

Quero-te à mesa assentado

Com tua esposa ao teu lado,

Eu que sou supremo sempre

E desconheço o cansaço,

Eu que de mim nada faço,

Pois que não posso terminar –

Quero que sejas perecível,

Serás mortal, meu menino,

E eu te embalarei no berço

Da terra, onde árvores cresçam.



(Tradução de Renato Suttana)

03 agosto, 2009

Hilário!

Tô pensando em fazer terapia...















02 agosto, 2009

Para um bom começo de semana...


A simplicidade é o máximo da sofisticação.






Gosto muito dessa frase. Boa semana aos meus leitores!