"Quem és tu que me lês? Sou eu o teu segredo ou és tu o meu?" (Clarice Lispector)

30 abril, 2009

Trabalho





Meu trabalho estará terminado se eu conseguir convencer a família humana de que cada homem ou mulher, ainda que tenha o corpo debilitado, é o gardião de seu amor próprio e de sua liberdade.

Gandhi



29 abril, 2009

A dança e a alma


A dança e a alma


A DANÇA?
Não é movimento,
súbito gesto musical. É concentração, num momento, da humana graça natural. No solo não, no éter pairamos, nele amaríamos ficar. A dança – não vento nos ramos: seiva, força, perene estar. Um estar entre céu e chão, novo domínio conquistado, onde busque nossa paixão libertar-se por todo lado... Onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas sem fugir à forma do ser, por sobre o mistério das fábulas. (Carlos Drummond de Andrade).








Dia 29 de abril, dia internacional da dança.


Tenha leveza em seus movimentos; e força e imponência neles também.
Sussurre um gesto manual; decline a cabeça para o lado numa ação casual.
Faça simples e prazeiros os seus movimentos cotidianos.
Convide a vida a dançar, sem medo de escorregar.
Corpos ao chão são passos da dança contemporânea, que é belíssima.

28 abril, 2009

Iniciativa


“Nós somos condutores da mudança. Se é certo que não faremos nada sozinhos, também é certo que ninguém realizará a transformação por nós. Se não iniciamos, ninguém iniciará por nós. Nossa missão é despertar nas pessoas a consciência de que cada uma delas, ou seja, cada um de nós é um agente de mudanças”.

Autor desconhecido



Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?

Clarice Lispector


SAÍDA



Faço de uma dor imensa
três ou quatro palavras.
De um amor verdadeiro
uma pobre rima.
De um medo mortal
um erro gramatical.
De minha fome de vida
mais uma poesia.
Depois,
viro a página.

Mari Marinaro

27 abril, 2009

Movimento Viridiano


O que é movimento Viridiano?

Do Latim viride, que significa verde, é um movimento criado em 1998 pelo escritor de ficção científica americano Bruce Sterling, que faz uma ácida crítica à sociedade materialista e trasporta atitudes sustentáveis ao campo do design de produtos. Uma das máximas é que devemos valorizar os objetos que usamos durante mais tempo, como a cadeira do escritório, a cama e o sapato. Ou seja: um bom tênis, com que ficamos calçados por oito horas diárias, valeria muito mais nosso esforço que um carro, dirigido por uma hora por dia. Para saber o que é essencial e dispensável, a dica é dividirmos tudo o que possuímos em quatro categorias: as coisas belas, as emocionalmente importantes, ferramentas e aparelhos que realizam alguma função útil de forma eficiente, e todo o resto. Mantenha consigo os itens dos três primeiros grupos, mas livre-se de todo o resto. "Venda esses itens, pegue o dinherio e compre uma cama de verdade", diz Sterling.
(Por Victor Edith, In: Revista Vida Simples, Abril 2009)






Orquestra de Lixo Reciclável

Tudo na vida é aproveitável ...
Principalmente , o lixo reciclável !
Com os detritos fiz uma festa ...
E montei uma orquestra !

De um cabo de vassoura ...
A minha inteligente professora ...
Fez uma linda flauta ...
Para tocar olhando a pauta ...

Do divino amor ...
Com todo o esplendor !
Com latas de tintas vazias ...
Fiz várias baterias !

Com as antigas canetas ...
Fiz apitos xeretas !
Com cacos de vidros e velhos telefones ...
Fiz sensacionais xilofones !


Fiz um animado chocalho ,
Sem nenhum trabalho ...
Apenas com pedras e latas ,
Que imitam os sons das matas !

Humildes destritos ...
Podem virar apitos ...
E outros instrumentos ,
Que tocam sentimentos ...

Basta ter criatividade ...
Esta é a verdade .

Luciana do Rocio Mallon .



26 abril, 2009

A vida por Chales Chaplin





A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade. Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?

Charles Chaplin












25 abril, 2009

Sorvetes



Sorvete é puro prazer. Ninguém caminha para uma sorveteria pensando em se alimentar, em forrar o estômago, em juntar a fome com a vontade de comer. Quem come sorvete? Ou quem bebe sorvete? O sorvete se situa na doce fronteira entre a comida e a bebida, nos domínios do verbo tomar. Vamos tomar um sorvete? É verdade que por alguma razão também tomamos sopa, tomamos remédio, mas nenhum dos dois nos alegra as papilas como o sorvete. Pesquisas realizadas no Centre for Neuroimaging Sciences de Londres descobriram que o sorvete provoca um efeito imediato nas zonas de prazer do cérebro. De acordo com os testes, uma simples colher de sopa de sorvete é capaz de fazer brotar um sorriso na cara do consumidor.
(In: www.vidasimples.abril.com.br)

Sorvete de limão

Hum,que gostosura!
Aquele sorvete gelado...
Ah,beleza pura!
Sorvete de limão adocicado...

Se sorvetes de limão as nuvens fossem
Nunca mais choveria
pois todas eu comeria
e mais nenhuma haveria
para fazer respingar o céu

Se todos os sorevtes de limão sumissem
doida eu estaria de fúria
a não ser que fosse eu a culpada,completa luxúria
com uma inocência espúria
deixaria os doces e o mel!


Flávia

24 abril, 2009

Susan Boyle sacudindo conceitos

Ontem tive a síndrome do patinho feio. Para mim, tudo ao meu redor era melhor que eu. Quase me desfiz desse blog, porque achei-o ridículo e piegas. As idéias me pareceram sentimentalistas e utópicas. Pensei em nunca mais escrever aqui. Dormi assim, com esse auto sentimento de dispensabilidade. Mas essas crises são momentâneas e hoje de manhã, ao assistir tv, a vontade súbita de escrever ressurgiu, rss!
Conheci a história da incrível Susan Boyle . A mulher de beleza incomum que tornou-se comum aos mais ilustres jornais do mundo. Ela participou de um programa britânico de calouros e surpreendeu por ser muito feia e ter uma das mais belas vozes já ouvidas. Em destaque, sacudiu as padronizadas idéias sobre o belo.
Humberto Eco, no seu livro "Histoty of ungliness"(A história da feiura) diz que o feio é mais interessante que o bonito porque não está limitado a conceitos e pode ser vastamente explorado. Na verdade, tudo o que se desconfigura de um conceito padronizado torna-se o feio. Por isso, Susan Boyle é tão interessante ao mundo. É uma novidade. Um fato novo que aconteceu em um universo de Giseles Bunchens e suas seguidoras. Uma mulher antagônica por reunir as duas faces da beleza em si mesma: a beleza exótica que toda feiura traz em si e a beleza já conhecida de uma voz emocinante.
Fiquei pensando nas pessoas que são feias e que não conseguem surpreender. Pensei nas inúmeras Susan Boyles que não assumem o encanto de sua aparência particular, não exploram seus melhores dons e que tornam-se seguidoras fracassadas do frívolo comércio da beleza. Jurei a mim mesma que nunca mais negarei meus melhores atributos e quanto à síndrome do patinho feio, a deixarei passa sem vestígios, caso ela volte.


PATINHO FEIO

Era uma vez um patinho
Que nasceu ao pé de um moinho,
Mas para sua infelicidade
Os irmãos tratavam-no com maldade.

Pois era bem diferente o patinho
Que nada tinha de bonitinho.
Em todo o seu meio,
Era chamado de “Patinho Feio”.

Uma tarde pensou e decidiu
Que ia embora e então fugiu;
Deixou o velho moinho
E andou toda a noite sozinho.

De manhã, viu uma menina
Dando milho a uma galinha.
Na casa dela quis ficar,
Mas o dono queria-o assar!

Fugiu outra vez o patinho;
Passou o Inverno sozinho!
Até que a Primavera chegou
E tudo na sua vida mudou.

Um bando de cisnes poisou,
O patinho deles se aproximou
E a alegria começou!
A vida de tristeza acabou!

O patinho em cisne se transformou
E a todos os cisnes maravilhou.
Convidaram-no para ser rei.
E esta história eu acabei.

Mónica Sofia Carvalho

22 abril, 2009

Sementes de poesia para o dia da Terra




Na última segunda-feira, enquanto via um programa no canal Futura, descobri que hoje se comemora o dia mundial da Terra. Desde então, fiquei pensando no que poderia fazer para comemorar essa data. É evidente que uma única atitude não irá mudar o mundo, mas quem sabe uma semente plantada pode originar uma imensa árvore, com muita sombra e frutos? Bom, me propus a reservar um dia da semana para deixar o carro em casa e andar a pé, de carona ou de transporte coletivo. Procurarei não acender luzes desnecessariamente e já arrumei uma sacola de algodão para fazer compras e evitar as sacolinhas de plástico. Além disso, resolvi iniciar um projeto. Pensei em algo simbólico que unisse cuidados aos meio ambiente e que oferecesse uma melhor sociabilização das pessoas. Algo que divulgasse os bons valores humanos. Foi daí que nasceu " Sementes de poesia". A idéia é confeccionar um cartão de papel reciclado e nele colocar sementes de alguma flor e um poema. No verso do cartão haverá o seguinte texto:

"Sementes de poesia é um projeto que traz como idéia principal presentear alguém com uma poesia e algumas sementes. A finalidade é convidar as pessoas a lerem um poema, plantarem uma flor e divulgarem o amor (seja ele qual for)".

Acredito que confeccionarei os primeiros cartões, mas ficarei muito feliz se essa idéia se multiplicar. Para as primeiras poesias, escolhi dois poeminhas sobre o meio ambiente, escritos por alunos de uma escola pública. Espero que gostem e divulgem...




Meio Ambiente

É preciso preservá-lo,

é preciso mantê-lo vivo,

pois sem ele,

nós somos um caminho perdido.

Como é lindo ver a abelha fazendo o mel,

o gado no pasto, o aroma das flores.

Hoje em dia é difícil ver essas belas cenas,

pois a destruição e a poluição,

não estão dando prazer de viver,

tanto para mim quanto para você.

Sabia que tem como reverter essa situação?

Num gesto de carinho e compreensão,

basta que cada um faça sua parte,

preservando a si mesmo e a Natureza.

(Lais Denadai 7ªD)



O MEIO AMBIENTE

O meio ambiente

pede socorro,

pede ajuda,

pede pela vida,

pois ele não quer ter mais

essa vida sofrida.

Mas não é desde hoje

Que ele está pedindo

Pois há muito tempo o homem

O está agredindo.

O meio ambiente

pede pelo amor e pela paz,

pede por ele e pelos animais.

Pede também por nós, que o destruímos.

Pede para que não o matemos,

pois, se ele morrer,

nós também morreremos.

O meio ambiente pede pelo fim do lixo,

da poluição, das queimadas, do desmatamento.

Pois se tudo isso ocorrer só existirá lamento.

Ele pede pela vida, do Oiapoque ao Chuí,

pois o desmatamento está perto

e a morte está por vir.

(Vinícius Duarte - 7ªD)



21 abril, 2009

Sobre o tempo


"O tempo é como uma cadeira ao sol e nada mais".

Carlos Drummond de Andrade

20 abril, 2009

Poeminhas da Clarice



"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

Clarice Lispector



"O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.

O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetr
o
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,a perfeição."

Clarice Lispector


Um cão apenas


Embora este espaço seja de poesias, hoje resolvi postar um texto de Cecília Meireles. O protagonista dessa pequena história é um cãozinho que nos ensina sobre a dignidade. Eu amo esse texto desde o primeiro dia em que o li. Espero que gostem.



Um cão apenas


Subidos, de ânimo leve e descansado passo, os quarenta degraus do jardim – plantas em flor, de cada lado; borboletas incertas; salpicos de luz no granito – eis-me no patamar. E a meus pés, no áspero capacho de coco, à frescura da cal do pórtico, um cãozinho triste interrompe o seu sono, levanta a cabeça e fita-me. É um cãozinho doente, com todo o corpo ferido; gastas, as mechas brancas do pêlo; o olhar dorido e profundo, com esse lustro de lágrimas que há nos olhos das pessoas muito idosas. Com grande esforço acaba de levantar-se.
Eu não lhe digo nada; não faço nenhum gesto. Envergonha-me haver interrompido o seu sono. Se ele estava feliz ali, eu não devia ter chegado. Já lhe faltavam tantas coisas, que ao menos dormisse: também os animais devem esquecer, enquanto dormem...
Eis, porém, levantava-se e olhava-me. Levantava-se com a dificuldade dos enfermos graves: acomodando as patas da frente, arrastando o resto do corpo, sempre com os olhos em mim, como à espera de uma palavra ou de um gesto.
Mas eu não o queria vexar nem oprimir. Gostaria de ocupar-me dele: chamar alguém, pedir que o examinasse, que receitasse, encaminhá-lo para um tratamento... mas tudo é longe, meu Deus, tudo é tão longe. E era preciso passar. E ele estava na minha frente, inábil, como envergonhado de se achar tão sujo e doente, com o envelhecido olhar numa espécie de súplica.
Até o fim da vida guardarei seu olhar no meu coração. Até o fim da vida sentirei esta humana infelicidade de nem sempre poder socorrer, neste complexo mundo dos homens.
Então, o triste cãozinho reuniu todas as suas forças, atravessou o patamar, sem nenhuma dúvida sobre o caminho, como se fosse um visitante habitual, e começou a descer as escadas e sua rampas, com as plantas em flor de cada lado, as borboletas incertas, salpicos de luz no granito, até o limiar da entrada. Passou por entre as grades do portão, prosseguiu para o lado esquerdo, desapareceu.
Ele ia descendo como um velhinho andrajoso, esfarrapado, de cabeça baixa, sem firmeza e sem destino. Era, no entanto, uma forma de vida. Uma criatura deste mundo de criaturas inumeráveis. Esteve ao meu alcance; talvez tivesse fome e sede: e eu nada fiz por ele; amei-o apenas, com uma caridade inútil, sem qualquer expressão concreta. Deixei-o partir, assim humilhado, e tão digno, no entanto: como alguém que respeitosamente pede desculpas de ter ocupado um lugar que não era seu.
Depois pensei que nós todos somos, um dia, esse cãozinho triste, à sombra de uma porta. E há o dono da casa, e a escada que descemos e a dignidade final da solidão.



Cecília Meireles

19 abril, 2009

Lição de vida

Dia 19 de abril, dia do índio.



Lição de vida

Uma noite, um velho índio Cherokee contou ao seu neto sobre uma batalha que acontece dentro das pessoas. Disse ele:
_ Meu filho, a batalha é entre dois "lobos" dentro de todos nós.
Um deles é o Mal. É a raiva, a inveja, o ciúme, a tristeza, o desgosto, a cobiça, a arrogância, a pena de si mesmo, a culpa, o ressentimento, a inferioridade, a mentira, o falso orgulho, a superioridade e o ego.
O outro é o Bem. É a alegria, a paz, a esperança, a serenidade, a humildade, a bondade, a benevolência, a empatia, a generosidade, a verdade, a compaixão e a fé.

O neto pensou naquilo por alguns minutos e perguntou:
_Qual lobo vence a batalha?
O velho Cherokee simplesmente respondeu:
_Aquele que você alimenta.


(Autor desconhecido)

18 abril, 2009

Sem título



Quero um amor

que seja mais que uma promessa,
seja mais que um momento.
Quero um amor
que seja mais do que sexo,
seja mais que um beijo.
Quero um amor
Que seja mais que um olhar,
mas que uma poesia com rimas.
Quero um amor
que não me pergunte aonde vou,
mas que me pergunte se vou voltar.
Quero um amor
que me faça dormir
sentindo saudades.
Quero um amor
que me faça mais sorrir do que chorar.
Um amor que me traga companhia,
traga-me conforto.

Quero um amor
que sempre sonhei.
Se ele existe ou não,
não deixarei de dizer:
Quero um amor...

Carlos Adriano

17 abril, 2009

Súplica Cearense

Existem vários tipos de poetas. Há os poetas do olhar, os poetas dos gestos, os poetas da palavra e os poetas da música. O texto abaixo é uma música do Rappa. Para mim, uma poesia de sensibilidade peculiar.


Súplica Cearense


Oh Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair, cair sem parar

Oh Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso que o sol se arretirou
Fazendo cair toda chuva que há

Oh Senhor, eu pedi para o sol se esconder um pouquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta, uma planta no chão

Oh meu Deus, se eu não rezei direito,
A culpa é do sujeito
Desse pobre que nem sabe fazer oração

Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheio de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar, retirar

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
E agora o inferno queima o meu humilde Ceará

Oh Senhor, eu pedi para o sol se esconder um pouquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta, uma planta no chão ê ê

Ganancia demais
A chuva não cai mais
Corro demais
Política demais
Tristeza demais
Interesse tem demais
Ganancia demais
A Fome demais
A Falta demais
Promessa demais
Seca demais
A chuva não tem Mais
Ganancia demais
Chuva tem não tem não tem é demais
Pobreza demais
Povo tem demais
O povo sofre demais...

16 abril, 2009

Aninha e suas pedras


Não receie questionamentos à resposta singular. Não crie complexidade ao que é simples. Deixe permanecer leve aquilo que tem leveza. Não procure por pesos insustentáveis. "Tinha uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra." (Carlos Drummond de Andrade).



Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas página
se não entraves seu uso
aos que têm sede.


Cora Coralina

Sua voz


Tem gente que fala baixinho. Tem gente que fala gritado. Tem gente que sussurra e tem gente canta. São várias as formas que se pode falar, são muitos os jeitos pelos quais se pode expressar a voz. O importante, é mantê-la sempre sadia, obedecendo aos cuidados necessários para se preservar a "saúde vocal". Procure fazer aquecimento da voz sempre que fizer algum discursso e evite alimentos como leite, café ou chocolate antes de um período longo de falas e tome água. Também seria bom nunca fumar. Cuide de sua voz! Dia 16 de abril, dia mundial da voz.


Sua voz

Sua voz é a melodia
que em meus dias vem cantar
no silêncio em que eu vivia
nunca mais hei de ficar.

Ela é doce como a fruta
que apanho sem olhar
cristalina como a água
que minha sede vem matar.

Sua voz é um carinho
que eu nem sei se merecia
e meu coração sozinho
hoje é pura alegria.

Para sempre quero tê-la
dentro de um sonho guardada
se eu nunca mais ouvi-la
para sempre irei lembrá-la.







Tere Penhabe

15 abril, 2009

A verdadeira arte de viajar...


“Faltam-te pés para viajar?
Viaja dentro de ti mesmo e reflete, como a mina de rubis, os raios de sol para fora de ti.
A viagem te conduzirá a teu ser”.

Jadal ad-Din Rûmî




A verdadeira arte de viajar...

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!

Mário Quintana

14 abril, 2009

Vadiar


Hoje eu queria poder acordar de manhã e não ter que fazer nada. Poder pegar uma caneca de leite com café e me sentar na varanda da casa da fazenda, cruzar as mãos sobre os joelhos e ficar olhando para a quietude daquele lugar. Hoje tô desanimada, sem vontade de nenhuma responsabilidade. Eu queria poder ficar quieta, curtindo o vento, o cheiro do pão-de-queijo que minha mãe faz. Hoje estou triste e para me consolar, escolhi esse poema que adoro.




Vadiar


Adoraria vadiar para o resto da vida,
escrever poemas
e passar tardes comendo pêssego – branco e duro.

E se fosse de calcinha,
ao lado de um alegre homem de cueca,
passaria os dias rindo,
até perder a respiração,
e só me permitiria chorar
se fosse de pura emoção.

E, sempre que chovesse,
me sentaria na varanda
para ouvir a chuva me aconselhar.

Sem pressa, réplica ou apartes,
de posse da sabedoria
que o momento é de me calar.

De deixar o pensamento vagar
sem buscar resposta,
dar paz a mente,
ainda que a ventania bata à porta.

Tão responsável quanto um bicho,
guiado pelo instinto
e alheio a qualquer moral.


Mari Marinaro

13 abril, 2009

Beijo-flor

( Clique na figura para ver o casal de colibris se beijando)



Hoje, dia 13 de abril, é o dia mundial de beijo.


Beijo-flor



O beijo é flor no canteiro ou desejo na boca?
Tanto beijo nascendo e colhido na calma do jardim nenhum beijo beijado (como beijar o beijo?) na boca das meninas e é lá que eles estão suspensos invisíveis.


Carlos Drummond de Andrade



12 abril, 2009

De graça


Free shop
Imagine uma loja em que você pode pegar o que quiser sem precisar pagar. Bom demais para ser verdade? Pois a Loja Grátis foi criada há quase um ano por amigos que se reuniam no projeto Domingo 9 e Meia, em Belo Horizonte. Organizavam debates, festas, exposições e, de vez em quando, umas idéias geniais. A da loja se materializou em uma sala emprestada pela administração do Mercado Novo, no centro da cidade. No local, acumulam-se roupas, livros, filmes, obras de arte, material de escritório e um bocado de altruísmo. Inspirada nos give-away shops europeus, não é depósito de tranqueiras, mas lugar para praticar o desapego, passar adiante coisas bacanas que você não está usando. Além de objetos, voluntários doam também seu tempo, cuidando da loja. O mais interessante é que a Loja Grátis não pressupõe troca.As pessoas que participam do projeto não são franciscanos. É gente comum que resolveu pensar além da lógica do consumo e do desperdício. (Revista Vida Simples, Abril 2009)


De graça

Tem gente que gosto de graça.
Só pela graça de ser gente,
de me lembrar que também sou.

Gente que frequenta a minha casa
e sempre traz de presente
algo de valor.

E é tanta gente,
de tanta raça,
a entender a desgraça
como um outro sabor.

Tão raro e precioso
como um monte de gente,
que a gente gosta
e gosta da gente,
de graça,
como é o amor.


Mari Marinaro

Páscoa














Um ovo, dois ovos, um vazio.
O que trouxe a páscoa?

Girassol


Girassol

O meu girassol tem personalidade.
O meu girassol tem saudade.
O meu girassol chegou e ficou.
O meu girassol veio no calor e me trouxe um amor.
O meu girassol não tem todas as pétalas, mas é o mais lindo que já vi.
O meu girassol tem um perfume diferente; tem cheiro de amor e de gente.
O meu girassol, no campo, aqui ou acolá, sempre olha para cá.
O meu girassol segue o sol.

Um menino


O poema abaixo é de uma poetiza que descobri ao acaso.
Ela tem textos maravilhosos, que demonstram sensibilidade
ímpar dianta dos assuntos cotidianos da vida. Confira suas
outras poesias em: http://rima-mari.blogspot.com/2008_03_01_archive.html.



Um menino

Meu menino não é um anjo,
nem um gigante,
só um menino que sonha em domar um dragão.
Ele é igual a muita gente,
que brinca de enfrentar leão.

E por ser pequeno
há quem confunda
tamanho com imensidão.
Mas meu menino só voa alto
porque se arrisca a desenhar avião.

E entre tantos vôos rasantes
não foram poucos
os que o levaram ao chão.
Mas meu menino,
como tantos,
chora e levanta
se lhe dão a mão.

É um menino
de espada em punho,
às vezes um grande urso,
um valentão.
Mas tem noite
que dorme encolhidinho,
como qualquer menino
com medo de bicho papão.

E se ele se arrisca
na corda bamba
o que ele quer é tocar violão,
afinado com o menino,
que sempre bagunça meu coração.

Mari Marinaro

08 abril, 2009

Memória


A revista Super interessante do mês de abril apresentou como manchete de capa um artigo sobre a memória. Nela, falou-se das informações que são esquecidas para que outras sejam armazenadas. É preciso esquecer o que lhe angustia para se lembrar do que realmente lhe é importante.



Memória


Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

07 abril, 2009

Persistencia



Não se desiste do amor!

Mude

Mudar é sempre preciso: rever os conceitos antigos, as atitudes cotidianas, as quietudes diante das insatisfações. Se a vida parece chata, mude! Experimente outros sons, outros lugares, outras relações com as pessoas já conhecidas.



"MUDE...

Tente o novo todo dia.
O novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor,
a nova vida...

...e aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa,
se possível, sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
MUDE, de novo.
Experimente, outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que já conhecidas, mas não é isso o que importa. O mais importante é a MUDANÇA, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda!

Repito por pura alegria de viver:
a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!"

Clarice Lispector

06 abril, 2009

Humildade


É sempre bom reservar um tempo para nos equilibrarmos espiritualmente. Um minuto de auto-reflexão pode harmonizar nossas atitudes com a ética humana, levando-nos a uma existência de paz interior. Para esse começo de semana, aconselho alguns segundos dedicados ao poema de Cora Coralina.



“Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.”

Cora Coralina – 1976

05 abril, 2009

Motivo


O que seria do escritor se não existisse o leitor, ou vice-versa?

Ler não é um hábito; ler não é uma obrigação; ler é uma necessidade.

E aqui falo do que é nessário a cada pessoa. Tem gente que lê o jornal

todos os dias à procura de emprego. Tem gente que lê os scraps do orkut

à procura do recado de alguém. Tem gente que lê poesia à procura de

alimento para a alma.

É mentira dizer que as pessoas não lêem mais. Elas lêem sim. O que talvez

seja diferente dessa frase nostalgica é que as nessecidades das pessoas

tenham mudado. Portanto, se quiser convenser alguém de ler alguma coisa,

crie nela, antes, a necessidade de ler. E então, conquistará um leitor.

Inicio este blog com um texto de Cecília Meireles.


Motivo


Eu canto porque o instante existe

E minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

Sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,

Não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

No vento.

Se desmorono ou se edifico,

Se permaneço ou me desfaço,

- não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

- mais nada.


Cecília Meireles