Se Manoel Bandeira estivesse vivo e se tivesse presenciado a tragédia fluminense da última semana, certamente reescreveria o seu poema, que passaria a chamar-se O peixe-bicho. E ele seria assim:
O peixe-bicho
Vi ontem um bicho que parecia peixe
Na imundície do alagado
Era arrastado pela enxorrada, lama e detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Agarrava-se vorazmente.
O bicho não era um cão,
Não era um peixe,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Vi ontem um bicho que parecia peixe
Na imundície do alagado
Era arrastado pela enxorrada, lama e detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Agarrava-se vorazmente.
O bicho não era um cão,
Não era um peixe,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Rio, 07 de abril de 2010
(Poema original):
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Rio, 27 de dezembro de 1947
Muito inteligente!
ResponderExcluirObrigada! A poesia de Manoel Bandeira é bastante engajada e ainda muito contemporânea.
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