"Quem és tu que me lês? Sou eu o teu segredo ou és tu o meu?" (Clarice Lispector)

03 dezembro, 2009

Duetos contínuos


Na segunda-feira passada tive um problema mecânico e fiquei o "primeiro" dia da semana sem carro. Pelos muitos trajetos necessários àquele dia, andei a pé, peguei ônibus e pedi carona. Conforme o bom modismo ambientalista, realizei atitudes ecologicamente corretas. Segundo uma auto-análise, penso que pude parar um momento e refletir sobre a quebra de hábitos cômodos. Nesta reflexão, observei os prós e contras de "um dia sem carro".
Enquanto caminhava, percebi que cheguei mais rápido ao meu destino, sem contar que o referido exercício contribuiu à tentativa incessante de controle de peso. No ônibus, fiquei olhando as inúmeras pessoas que têm todos os seus dias sem carro. Muita gente ajuda diariamente na redução dos gases poluentes. Quanto a carona, acho que poderia revesar com amigos para praticá-la mais vezes. Seria bom!
Quando aquele dia encerrou-se, embora houvesse cansaço físico e uma alta conta na oficina, senti-me em paz. Como no poema de Cora Coralina, "Assim eu vejo a vida", dormi com a certeza de que a existência humana é repleta de situações duaslistas que trazem consigo um lado positivo e um negativo. Resta a nós, os protagonistas diários de tantas histórias, escolhermos qual lado viver.
Lilian Tavares



Assim eu vejo a vida

Cora Coralina


A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.




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