"Quem és tu que me lês? Sou eu o teu segredo ou és tu o meu?" (Clarice Lispector)

09 maio, 2009

Poesia e vinho, dois prazeres





O vinho



O vinho me liberta, me possui, me domina
Libera o êxtase de outrora, o desejo do porvir
Sinto que quero, mas não posso, minha sina

Venha, companhia noturna, aproxima-se o finir
O licor magnífico, escuro, mais que vermelho crina
Transpassa ferindo de prazer ao ingerir
O gozo gélido escaldante cheiro à marina

Cabeça ao leu, a boca confessando ao sorrir
O álcool fantástico possuidor de loucuras

As minhas, sobretudo, as que me pertencem

O ser estrangeiro que me habita as sombras puras

Eis o ápice de mim próprio,
almas que sentem
Mais vinho! Não há, não há mais curas

Um brinde à vida, o último gole, o Éden!



Marco Hruschka


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