"Quem és tu que me lês? Sou eu o teu segredo ou és tu o meu?" (Clarice Lispector)

06 agosto, 2009

Literatura itinerante



















Existem pessoas de atitudes nobres fazendo a boa educação por aí. Um evidente exemplo disso é o que nos conta o texto abaixo. Iniciativa de cidadania que merece ser multiplicada.



Jumentos viram bibliotecas ambulantes em Pernambuco


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O programa "Livros Andantes" utiliza jumentos para carregar livros para Amaraji, cidade localizada na Zona da Mata Sul de Pernambuco, a 96 km do Recife. As "bibliotecas ambulantes" estão percorrendo dois distritos de Amaraji - Estivas e Mulungu - carregados com centenas de livros que ficarão disponíveis para a população primeiro em salas de leitura ao ar livre, depois em escolas. O "Livros Andantes", projeto aprovado pelo Fundo de Cultura do Estado de Pernambuco (Funcultura), foi concebido e é coordenado pela jornalista e cineasta Clara Angélica, que nasceu em Amaraji. A coordenação pedagógica fica por conta da atriz e arte-educadora Márcia Cruz. Os livros ficarão expostos nas salas de leitura ao ar livre por três meses. Após o período, os caçuás com as obras carregados pelos jumentos serão doados às escolas dos povoados para uso da população, iniciando, assim, uma biblioteca comunitária.
As crianças são as maiores beneficiadas pelo universo da literatura móvel oferecida pelo Livros Andantes. Enquanto escolhem os livros mais interessantes, um palhaço se junta aos agentes de leitura para organizar a fila dos livros e explicar a iniciativa aos pais das crianças. Incrédulos e surpresos, o adultos das comunidades visitadas também se mostram interessados nas leituras ilustradas.
A idealizadora da iniciativa compartilha dos sonhos daquelas crianças e pensa longe. “A gente espera que alguém abrace a idéia e ajude a expandir para os demais povoados daqui e de outros municípios, usando o transporte característico de cada lugar. Hoje é um jumento ou um burrinho, mas pode ser bicicleta, navio, moto, qualquer coisa”, diz.
A coordenadora pedagógica explica que a proposta, embora inicialmente restrita a apenas dois povoados, vai além do incentivo à leitura. “Queremos melhorar as perspectivas das pessoas daqui, compartilhar experiências, incentivar a oralidade e as expressões de cada uma. Treinamos educadores locais para contar histórias e dramatizar, de modo a não transformar a leitura em algo obrigatório, mas em algo prazeroso”, define.




"Ó bendito o que semeia livros
Livros a mão cheia
E manda o povo pensar

O livro, caindo n'alma
É germem que faz a palma
É chuva que faz o mar

Vós, que o tempo das ideias
Largo, abres as multidões
Para o batismo luminoso das grandes revoluções"


(Fragmento do poema O livro e a América, de Castro Alves)

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